Eletrônicos


O passo-a-passo na montagem do seu home theater


por Vinicius Barbosa Lima
Quando se busca o melhor rendimento de um home theater, é automática a relação com um upgrade. O problema é que andar na crista da onda tecnológica custa caro, e a tão falada relação custo-benefício nunca é linear, tampouco lógica.
Assim, para se obter um ganho real da ordem de 10% ou 20%, é quase sempre necessário investir outros 200% ou 300%. E quanto mais elevado o nível da configuração atual, maior o disparate. Começa, então, o dilema: em que etapa do sistema mexer? Qual equipamento trocar? E, principalmente, de onde tirar dinheiro para tudo isso?
     Em primeiro lugar, é bom ter em mente que seu sistema atual ainda pode ter alguma gordura para queimar. E o melhor: talvez o segredo da alta performance esteja nos detalhes, que costumam ser ignorados. A seguir, mostramos que esses detalhes, quando somados, podem garantir os mesmos benefícios de um real upgrade de equipamento, porém, custando bem menos, ou nada. Confira!

     
O sucesso ou fracasso de um sistema de áudio e vídeo começa a ser definido durante o planejamento. Um projeto mal elaborado nunca permitirá correção satisfatória, sendo que, muitas vezes, a solução é recomeçar tudo do zero. Portanto, planeje tudo com carinho e leia atentamente os manuais de instrução, recomendação aparentemente óbvia, mas indispensável para se extrair o melhor desempenho dos equipamentos.
     Faça um trabalho 100% limpo, sem emendas em fios e cabos. Evite também conectores sem brilho ou oxidados. Cabos de qualidade são importantes, mas, sozinhos, não fazem milagres. As conexões também devem ser mantidas sempre limpas e bem apertadas. Conexões frouxas acarretam gradativa perda na qualidade do som e da imagem.
     Verifique ainda se o rack ou móvel que abriga os equipamentos tem boa ventilação e traz prateleiras rígidas e bem fixadas. Se necessário, procure posicionar a peça no local mais arejado da sala, providenciando também um bom aperto em todos os parafusos e porcas da estrutura do rack (maçanetas, dobradiças, trilhos etc.). Com essa prática, você reduzirá as vibrações do conjunto, mesmo quando exposto à elevada pressão sonora.
     Quanto mais próximos entre si ficarem os equipamentos, maiores os riscos de interferências. Preferencialmente, procure separá-los em blocos, mantendo uma certa distância entre os aparelhos mais sensíveis, tais como fontes digitais (CD, DVD e Blu-ray player, por exemplo), e aqueles que demandam maior potência e corrente, caso do receiver A/V ou amplificador dedicado. E todo o conjunto deve ficar o mais distante possível dos demais itens que formam o bloco de fornecimento e proteção de energia elétrica (condicionadores, estabilizadores e regeneradores de energia). Claro que não falamos de metros, e sim de centímetros, mas quanto mais afastados uns dos outros, melhor a refrigeração e menor a chance de interferências.
     Cabos de força e de sinal não devem se cruzar. Por isso, fique atento à posição dos conectores nos respectivos painéis traseiros, antes de iniciar a instalação. Observe também se não existem antigos aparelhos que só estão ocupando lugar no móvel, como laserdisc e tape deck. Aliás, como a tecnologia se renova muito rapidamente, certamente, o novíssimo home theater que você acabou de montar ficará obsoleto no prazo médio de três anos. Portanto, pense a longo prazo e já reserve espaço e conexões para os novos produtos que chegarão no futuro. Assim, você vai evitar novos gastos com itens de vida útil bem mais extensa, caso dos cabos e do próprio rack.

     Não existe home theater sem uma bela imagem. Na era dos displays e projetores digitais, a correta calibragem dos principais parâmetros (cor, brilho, contraste, matiz e nitidez) com discos específicos para essa função (há modelos próprios para alta definição, como o Video Essentials HD) é bem indicada.
     Nas conexões, evite o erro comumente visto em grandes magazines: a ligação de modernos displays e players via vídeo composto e com cabos de baixa qualidade. Por ordem de desempenho, procure sempre utilizar as entradas e saídas HDMI, DVI ou vídeo componente/RGB, as únicas capazes de transmitir imagens de alta definição. Vídeo composto e S-Video, hoje, destinam-se mais a aplicações de conveniência, onde a preocupação com a qualidade não é primordial.
     No player, que pode ser um DVD convencional, sofisticado Blu-ray, videogame, media center, notebook ou até mesmo um tocador portátil tipo iPod, acione a opção de saída de áudio digital (bitstream), sempre que disponível. Para a aparência da imagem (ASPECT RATIO), escolha a que melhor se adequar ao tipo de TV ou tela utilizada. Se for do tipo 4:3 (convencional), opte por 4:3 PS (Pan&Scan). Sendo widescreen, selecione esta opção ou 16:9.
     Procure explorar também o recurso chamado upscaling (ou upconversion), encontrado na maioria dos DVDs (gravadores e players), reprodutores de discos Blu-ray e media centers. Nele, o sinal originalmente em resolução inferior (480i ou p) pode ser elevado digitalmente para até 1.080 linhas progressivas (1.080p), simulando um resultado similar ao obtido na alta definição.
     O detalhe é que o recurso só traz vantagens quando usado junto a televisores e a projetores compatíveis com alta definição (HD ou Full-HD). Além disso, embora haja exceções, o ideal é sempre selecionar a definição de saída mais próxima da resolução nativa do display. Explicando melhor: ao efetuar a conversão de 480i para 1.080p, por exemplo, é importante que seu TV ou projetor possua essa mesma resolução nativa. Se ele admitir, no máximo, 720 ou 768 linhas progressivas (720p ou 768p), ele precisará fazer um downscaling (downconvertion), que seria o processo inverso, reduzindo a resolução da imagem para adequá-la aos circuitos internos do TV ou projetor. Note, portanto, que, nesse exemplo, ocorreriam dois estágios de processamento da imagem. O resultado desse sobe e desce é quase sempre prejudicial à qualidade da imagem.
     A TV digital é o assunto da moda, mas infelizmente há quem invista pesado em displays de tela fina e conversores de alta definição para equivocadamente conectá-los pelo tradicional terminal de antena (RF). A melhor solução, seja para som ou imagem, são as conexões digitais (HDMI, DVI, S/PDIF etc.), menos suscetíveis a interferências externas e que permitem maior banda passante (quantidade de informações), garantindo a integridade do sinal original. Mesmo assim, e caso seja necessário utilizar conexões de antena num sistema secundário, empregue o melhor cabo possível, semelhante ao utilizado por empresas de TV a cabo, genericamente conhecido como RG-6.
     O receiver é o cérebro do sistema, e por tal motivo merece atenção redobrada. Ainda mais agora que estão chegando modelos com o recurso de upconversion e novos codecs de áudio (DD Plus, Dolby TrueHD e DTS-MA), necessários à exploração de todo o potencial do formato Blu-ray.
     Planeje as conexões com cuidado, pois os melhores receivers permitem até mesmo a configuração individual das entradas digitais. Na tela de setup do modo surround, selecione a opção AUTO, de maneira a identificar automaticamente a presença de um sinal digital, escolhendo ainda a melhor conexão disponível (se possível, trabalhe sempre com HDMI).
     A seleção da impedância adequada das caixas é primordial, pois evitará o superaquecimento do receiver e o aumento das distorções. Na dúvida, aposte no trivial e posicione o seletor do receiver em 8 ohms, que é o valor mais comum.
     Por muito tempo, a perfeita calibragem do sinal de áudio foi motivo para dores de cabeça e muita mão-de-obra, exigindo conhecimento diferenciado e instrumentos de medição específicos. Atualmente, o processo foi simplificado, vez que os modernos receivers já contam com o recurso de calibragem automática, efetuada através de um microfone, geralmente conectado na parte frontal do aparelho. Assim, basta acionar os comandos necessários e deixar que o receiver faça todo o resto. O resultado pode não ser tão preciso quanto o proporcionado por um trabalho profissional, mas na maioria dos casos é plenamente satisfatório.
     O correto posicionamento das caixas acústicas quase sempre é suficiente para garantir uma boa reprodução sonora com total envolvimento. Mesmo assim, e para tirar o maior proveito do conjunto sonoro, é recomendável apoiar bem as caixas, em superfícies rígidas e perfeitamente planas.
     Caixas torre e subwoofers são concebidos para ficarem em contato direto com o piso, ou quando muito sobre outra superfície igualmente rígida (placas de mármore ou granito, por exemplo). Spikes (pontas metálicas destinadas a minimizar a transferência de vibrações) também costumam apresentar bons resultados (algumas caixas já saem de fabrica com eles).
     Os modelos compactos do tipo bookshelf oferecem melhor rendimento quando instalados sobre bons pedestais de estrutura metálica (geralmente aço). Faça uso ainda de adesivos à base de polibutileno (como a massinha Pritt Tak), que não danificam as caixas e, ao mesmo tempo, garantem a fixação e a segurança. Ajudam também no controle de vibrações entre caixas e pedestais.

    
 É um capítulo à parte, pois nela reside o segredo final para a boa reprodução musical. O ideal é sempre contratar a consultoria de um bom profissional na área, solução geralmente demorada e de custo elevado.
     Quando isso não for possível, utilize o bom senso na composição do ambiente e evite materiais frios (pisos de cerâmica, mármore) e muito reflexivos com grandes áreas envidraçadas. Por outro lado, adote grossas cortinas, estofados e tapetes. Para home theater, é melhor contar com uma sala amortecida do que com um ambiente muito vivo e reflexivo, onde os ecos são inevitáveis.
     Salas temáticas ou com diversos acessórios de decoração podem conferir um grande charme ao ambiente, mas devem ser pensadas com critérios. Badulaques mal fixados ou em excesso tendem a vibrar em momentos de elevada pressão sonora, ocasionando incômodo ruído do tipo vidro batendo. Assim, a sugestão é retirar do local tudo que não seja estritamente necessário ao desempenho do sistema ou à composição confortável do ambiente. E nos casos em que não dá para se livrar deles (sempre haverá o fator esposa), procure minimizar sua influência na performance do home theater. Como? Isolando estes objetos do contato com outras superfícies (pés auto-adesivos de borracha ou silicone sempre resolvem) e retirando-os do caminho direto do campo sonoro e da imagem.
     Na hora de evitar que o som vaze para outros ambientes, ou mesmo a entrada de ruídos externos, a dica é instalar feltros ou espumas adesivas nos vãos de portas e janelas. Assim, você terá uma vedação adicional.

        Tudo bem que cinema se assiste no escuro e, portanto, a iluminação do ambiente não deveria ser problema, bastando apagar as luzes. Infelizmente, num ambiente doméstico, com várias pessoas e hábitos diários diferentes, nem sempre é possível deixar a sala na maior penumbra durante a exibição de um bom filme.
Então, o negócio é levar em conta a utilização principal do ambiente, bem como os costumes dos usuários, lembrando que até mesmo a escolha errada da cor ou do revestimento empregado nas paredes pode comprometer a qualidade da imagem. Evite, por exemplo, cores muito claras e acabamento brilhante.
     Sempre que possível a iluminação deve ser suave e indireta, condição em que a luz é projetada para o teto ou para as paredes, não incidindo diretamente sobre a tela. Outra solução interessante é adotar luminárias de teto ou de canto, tipo spot ou de sobrepor, onde o conjunto luminária/lâmpada pode ser embutido em sancas de gesso e direcionado para longe da imagem. Abajures também são bem-vindos, e podem até mesmo ajudar a compor um clima mais intimista ou romântico. E melhor ainda se toda a iluminação do ambiente for controlada por painéis de automação, que permitem até coordenar os pontos de luz para diversas situações, como receber os amigos ou ver um filme.

Neste item, não se esqueça de revisar todas as tomadas de energia e instalações internas do quadro de força. Verifique tanto o quadro instalado dentro da residência como o de entrada de força, apertando com firmeza parafusos de contato, polindo terminais que apresentem sinais de escurecimento e oxidação, ou mesmo substituindo qualquer material fora das condições ideais de uso. Essa pequena seção de manutenção elétrica costuma trazer benefícios imediatos, e a custo praticamente zero.
     E se houver disposição para ir além, substitua a fiação por outra de maior calibre e qualidade. Adote ainda disjuntores de procedência confiável e procure ligá-los em circuito dedicado ao ambiente de home theater. O ganho de qualidade será certo.

 

     
    A maioria das pessoas acredita que os aparelhos não necessitam de  limpeza periódica, ou ainda que basta passar o aspirador de pó para resolver tudo. Engano feio!
     É recomendável que, a cada seis meses, seja feita uma limpeza mais caprichada do sistema – equipamentos e conexões. Aproveite para polir conectores e terminais de painel, aplicando ainda algum material anti-corrosivo e desoxidante (o CorrosionX é uma boa pedida). Depois, retire o excesso com um pano limpo, deixando apenas uma fina camada protetora e refaça a instalação, deixando todas as conexões bem firmes e apertadas.
     E cuidado ao limpar a tela do display. Recentemente, chegaram ao mercado alguns produtos de origem duvidosa (muitos sem qualquer referência ao fabricante e à composição química). Com isso, você pode colocar em risco a integridade do equipamento, principalmente das telas LCD, que não contam com vidro protetor como os plasmas.
     Caso o produto de limpeza não lhe inspire confiança, o melhor é ainda adotar o bom e velho pano ou chumaço de algodão levemente umedecido com água. Em seguida, vá alternando sua passagem sobre a tela com outro pano, este bem macio e totalmente seco.



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